O mundo maravilhoso de Cozy Baker
André Amaro
Mais de mil aparelhos construídos por artesãos, artistas plásticos, arquitetos, engenheiros estão espalhados pelos dez cômodos desta "casa-museu", onde vive há mais de 30 anos a colecionadora Cozy Baker. Foi ela a pessoa a publicar, em 1985, o primeiro livro sobre caleidoscópios ("Through the Kaleidoscope"), 170 anos após a invenção do brinquedo, em 1816, pelo inglês David Brewster.
No mesmo ano, Cozy Baker realizou a primeira exibição pública de caleidoscópios em Bethesda, Maryland, fazendo renascer o interesse popular pelo "brinquedo filosófico", como era chamado no início. A "1ª Dama do Caleidoscópio" (título conferido por artistas amigos) fundou um ano depois a Brewster Society, uma entidade que reúne fabricantes, colecionadores e admiradores de caleidoscópios do mundo inteiro.
A engenharia do caleidoscópio é variada e a criatividade dos artistas para produzir suas peças e decorá-las não conhece limites. Cozy Baker lembra, entretanto, que o mais importante em todos os casos é a mágica e o assombro das formas, a dança das cores e o sentido de harmonia e expansão interior que o caleidoscópio proporciona. "Um impacto visual que faz o peito arfar de felicidade", diz.
Deitar o olho sobre o visor e contemplar aquelas peças flutuantes pode ser um bom exercício de meditação. E Cozy Baker tem na ponta da língua uma explicação para isso: "O renascimento do caleidoscópio é mais do que um retorno do interesse por coisas colecionáveis. Mais do que um casamento da ciência e da arte, é um casamento do sentido e da alma. O imaginário do caleidoscópio é uma forma de arte que pode influenciar a maneira de pensar, sentir e reagir. Focando nas imagens, você pode cultivar espírito, mente e corpo. Os sentidos florescem e a energia é renovada, conduzindo a uma maior consciência e a uma vida criativa". Ela lembra ainda que os elementos inerentes às mandalas caleidoscópicas têm a sua simbologia particular. "Elas não são destruídas, mas rearranjadas. Cada nova imagem manifesta seu momento de esplendor". E acrescenta: 'Além de uma verdadeira celebração de cor, o caleidoscópio é um vasto reservatório de felicidade. E talvez nisso está a semelhança com o teatro, que nasceu da festa, da capacidade de animar o espírito e construir uma outra realidade, para no final de tudo fazer feliz o espectador".
Além de promover o desenvolvimento e documentar o campo do caleidoscópio, a presidente da Brewster Society doa também caleidoscópios às crianças com AIDS, hospitais infantis e psiquiátricos, clínicas de olhos e de câncer, asilos e outras organizações. Este esforço reflete a opinião de Cozy Baker de que o caleidoscópio pode ter muitos benefícios: "um de meus aspectos favoritos do caleidoscópio é sua dimensão meditativa e seu valor terapêutico".
Cozy Baker fundou a primeira e única sociedade de fabricantes/amantes de caleidoscópios, possui a maior coleção do mundo e escreveu a maioria dos livros disponíveis sobre o assunto. É conhecida e respeitada provavelmente por cada artista de caleidoscópio nos Estados Unidos, senão no mundo. A primeira exposição de caleidoscópios, realizada por Cozy Baker, redimensionou o mercado: os colecionadores pagam somas de dinheiro pelo trabalho desses artistas que capturam, somente com espelhos e um cilindro, a mágica da luz e da cor.
Um comentário:
Oi,Elen, sou André Amaro, diretor do Teatro Caleidoscópio, em Brasília. Vi que utilizou um texto meu, que legal! Ótimo, aliás, saber que não sou o único amante de caleidoscópio no Brasil e membro da Brewster Society. Achei curiosa a sua oficina de caleidoscópio. Vamos manter contato. Quem sabe não fazemos umas boas parcerias. Gd abraço
André 61.92131616
andre@teatrocaleidoscopio.com.br
Postar um comentário